SOBREVOANDO

Os filhos de hoje

Não é a primeira vez que o Corujão publica esta história. O conteúdo nos leva a crer que  a cada ano vivido a comemoração para o Dia dos Pais, ou para filhos que não têm tempo chamamos educadamente de,  Mês dos Pais, tem piorado em todos os sentidos.
Sem generalizar, mas apenas constatando.
Nesta reflexão vemos pai e filho sentados em um banco de frente com a casa principal.
O jovem lê o jornal, com  atenção. O idoso parece imerso em algo indefinível.
Então, um pequeno pássaro pousa no arbusto próximo e canta. O homem parece despertar e indaga:
– O que é aquilo? – apontando com o dedo na direção da pequena ave.
O rapaz alça os olhos e diz, secamente: é um pardal.
A avezinha saltita de um galho a outro  e a pergunta se repete:  o que é aquilo?
A resposta agora não é somente seca, mas também denota enfado: já disse, é um pardal!
O pássaro voa do arbusto para a árvore, continuando na sua dança matinal.
-O que é aquilo? – soa de novo.
Agora, o rapaz se irrita e quase grita: é um pardal!
A ave, feliz, prossegue no seu bailar. Alça voo e parece desaparecer. Poucos segundos passados e retorna ao chão, bicando aqui, saltitando acolá.
O homem leva a mão aos olhos, como se desejasse ajustar a visão embaçada e, com natural curiosidade, pergunta:
– O que é aquilo?
O filho responde, em altos brados: é um pardal! Já disse: um pardal!
E soletra, aos gritos: p – a – r – d – a – l. Você não entende?
O homem se ergue, sobe os degraus, adentra à casa, lento e decidido. Pouco depois, retorna com um velho ca-derno nas mãos.
A capa é bonita, denotando que foi guardado com cuidado, como se guardam preciosidades.
Abre-o, procura algo, depois o entrega ao rapaz, ainda inquieto e raivoso.
– Leia! – ele pede. E acrescenta: em voz alta!
Há surpresa no moço, que lê pausada e cada vez com maior emoção: hoje, meu filho caçula, que há uns dias completou três anos, estava sentado comigo, no parque, quando um pardal pousou na nossa frente.
Meu filho me perguntou 21 vezes o que era aquilo e eu respondi em todas as 21 vezes que era um pardal.
Eu o abracei todas as vezes que ele repetiu a pergunta, vez após vez, sem ficar bravo, sentindo afeição pelo meu inocente garotinho.
Então, o filho olha o pai. Há culpa e dor em sua alma.
Abraça-o, lacrimoso, beija-lhe a face, emoldurada pela barba por fazer.
Estreita-o, puxando-o para perto de si. E assim ficam: um coração ouvindo outro coração.
Cenas como essa acontecem todos os dias, em milhares de lares, em todo o mundo.
Nossos anciãos, de braços dados com Alzheimer, demência senil, indagam, perguntam, questionam.
A memória recente lhes falha. Mergulhados em retalhos de lembranças do passado, não entendem porque recebem gritos como resposta.
Este texto foi reproduzido baseado em um curta metragem  postado no YouTube pela Returning to Calvary, missão ligada a Cruzada Estudantil e profissionais para Cristo, realizado pela Movie Teller Films. Sinopse: Qual tem sido seu comportamento? Qual tem sido sua paciência?
Deus tem sido como esse Pai, mas o pior de tudo é que temos sido esse filho.
Que haja em nós um verdadeiro sentimento de arrependimento.
Título Original:What Is That
Diretor: Constantin Pilavios
Pensemos nisso! E se as lágrimas umedecerem os olhos, não tenha vergonha de abraçar com amor o seu pais.

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