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Fundador do Wikileaks já está na Austrália após julgamento que formalizou o acordo com os EUA

Mulher do fundador do Wikileaks, Stella, disse que filhos estão ‘quicando como bolas’

Julian Assange desembarcando na Austrália depois de acordo com os EUAJulian Assange desembarcou em Canberra e sai do avião acompanhado por familiares (Foto: Wikileaks)

Londres – Após uma acordo com o governo dos EUA admitindo culpa sob a Lei de Espionagem do país, Julian Assange , pousou em Canberra, capital da Austrália, pouco antes das 20h de quarta-feira (26), aguardado ansiosamente por apoiadores, por familares e por sua mulher, Stella Assange, com quem tem dois filhos.

Assange deixou o avião e acenou para os jornalistas e apoiadores que aguardavam o pouso, acompanhado de membros da família e da mulher, Stella, com quem se reencontrou logo ao desembarcar. A família pediu privacidade, e ele não deu declarações.

Foto: Wikileaks

 O acordo formalizado em uma audiência realizada na véspera em Saipan, território americano, permitiu que o fundador do Wikileaks não fosse extraditado para os EUA para responder a 18 processos que poderiam resultar em 175 anos de prisão.

A juíza Ramona Manglona encerrou a audiência dizendo que ele poderia deixar o tribunal como um homem livre, e afirmou esperar “que a paz seja restaurada”, completando: “acho que este caso acaba aqui”.

Vitória do governo da Austrália no caso Assange

A ida para a Austrália, seu país natal, foi resultado de intensas campanhas locais e engajamento de parlamentares de diversos partidos, que levaram o premiê Anthony Albanese a entrar diretamente no caso, fazendo gestões junto aos EUA e ao Reino Unido, onde Assange estava preso aguardando a extradição.

Antes da chegada dele a Canberra, Albanese capitalizou a vitória em um discurso no Parlamento:

“É assim que se defende os australianos em todo o mundo. Significa fazer o trabalho, obter resultados e chegar a um desfecho.”

Para ganhar a liberdade, Julian Assange admitiu no julgamento ser culpado de “conspiração para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos EUA”, mas argumentou que acreditava que a fonte estaria protegida pela Primeira Emenda americana, que garante a liberdade de expressão.

Em 2010, o Wikileaks publicou telegramas diplomáticos e vídeos informações sobre atuação das forças militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão, incluindo ataques a civis.

Horas antes do avião pousar em Camberra, o site Wikileaks iniciou uma transmissão ao vivo com entrevistas e comentários sobre a libertação de Julian Assange.

Stella Assange: filhos ‘quicando como bolas’

A mulher dele, Stella, que faz parte da equipe de defesa, disse que estava monitorando o trajeto do avião pelo site Flight Radar, e que os dois filhos, de cinco e sete anos, estavam “quicando como bolas” no sofá, ansiosos pela chegada do pai.

Stella Assange em live antes da chegada de Julian à Austrália
Stella Assange em live antes da chegada de Julian à Austrália

Ela correu o mundo nos últimos anos liderando a campanha pela retirada das acusações contra Assange e protestando contras as sucessivas rodadas jurídicas do caso de extradição, que no final pareciam desfavoráveis à libertação.

“Não consegui ainda assimilar isso, parece uma experiência fora do corpo”, disse ela na transmissão do Wikileaks.

Stella e Assange se conheceram quando ele estava refugiado na embaixada do Equador em Londres, onde ele ficou de 2012 a 2019, e tiveram dois filhos nesse período, em segredo.

Em 2022 eles se casaram na prisão de Belmarsh, para onde Assange foi levado em 2019 e só saiu nesta segunda-feira para embarcar rumo às Ilhas Mariana do Norte, onde o julgamento que formalizou o acordo foi realizado.

Stella disse que Assange continuará o seu trabalho, mas que no início descansará para se recuperar do tempo em que passou sem liberdade, primeiro na embaixada do Equador e depois na penitenciária.

Quando ele deixou o tribunal, Stella postou a primeira imagem do marido livre, com a mensagem: “não consigo parar de chorar”.

 

A forma encontrada para libertar Assange foi recebida com sentimentos mistos entre apoiadores e organizações de liberdade de imprensa e de expressão, já que colocou fim a uma saga jurídica de mais de 10 anos mas manteve uma condenação pelo crime de divulgar informações confidenciais mesmo que por interesse público.

 

Como foi o acordo de libertação de Assange

O jornal britânico The Guardian revelou bastidores da libertação de Assange, com informações de Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks.

Ele disse que guardas o acordaram às 2h da madrugada de segunda-feira, pedindo para que se vestisse. Algemado, Assange foi levado para o aeroporto de Stansted e ficou em uma sala durante três horas até a partida.

Segundo Hrafnsson, o local estava fortemente policiado, e até um helicóptero foi usado no comboio entre a prisão e o aeroporto.

Em um comunicado sobre o acordo, o governo dos EUA informou que o fundador do Wikileaks está “proibido de regressar aos Estados Unidos sem permissão”.

Mas o irmão de Assange, Gabriel e sua mulher disseram que vão buscar o perdão total e dessa forma permitir que algum dia ele possa entrar nos EUA.

Uma campanha de arrecadação de fundos foi lançada para pagar a conta de US$ 520 mil do voo fretado que levou Julian Assange para Saipan e depois para Canberra. Segundo o Wikileaks, ele não tinha permissão para voar em aeronaves comerciais.

 

 

Redação MediaTalks

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