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Sede da COP29, Azerbaijão enfrenta onda de repressão à imprensa às vésperas das eleições

No país governado por Ilham Aliyev há mais de 20 anos, 10 jornalistas foram presos desde novembro

Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão, país que vive onda de repressão à imprensaIlham Aliyev, presidente do Azerbaijão, em discurso comemorando a repressão ao movimento separatista na região de maioria armênia (divulgação via Twitter)

Londres – Sede da próxima COP, a conferência do clima da ONU, o Azerbaijão vive uma onda de detenções e repressão contra jornalistas e meios de comunicação independentes, confirmando sua condição de um dos piores países do mundo para a liberdade de imprensa.

Organizações como a Federação Internacional de Jornalistas (IJF, na sigla em inglês), Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) e Repórteres Sem Fronteiras têm protestado contra a tentativa de silenciar jornalistas críticos ao regime de Ilham Aliyev, que governa o país desde 2003 após suceder o pai, e é aliado de primeira hora de Vladimir Putin, apoiando a invasão da Ucrânia pela Rússia

Citando dados da Agende France Presse (AFP), a Federação afirma que desde novembro de 2023, 10 jornalistas foram detidos. Os casos mais recentes aconteceram na semana passada, menos de um mês antes das eleições presidenciais, marcadas para 7 de fevereiro.

Segundo a organização, Aliyev “eliminou qualquer aparência de pluralismo e desde 2014  tem procurado impiedosamente silenciar quaisquer críticos restantes”. O país vive um conflito separatista na região de Nagorno-Karabakh, de maioria armênia.

Mas a situação piorou em novembro, justamente um mês antes de a controvertida escolha do país para sediar a COP28, por ser uma nação sem liberdade e grande produtora de combustíveis fósseis.

No primeiro grupo de trabalho anunciado não havia mulheres, e o país teve que voltar atrás, mudando a composição. Apesar de seu histórico de violação dos direitos humanos, o Azerbaijão tem conseguido sediar grandes eventos como a COP e uma etapa do campeonato mundial de Fórmula 1.

O caso mais recente aconteceu em 15 de janeiro. O jornalista Shahin Rzayev foi preso sob a acusação de “vandalismo mesquinho” e condenado a uma prisão administrativa de 15 dias, segundo a Federação Internacional de Jornalistas.

Dois dias antes, a repórter Elnara Gasimova, do site de jornalismo investigativo Abzas Media,  foi colocada em prisão preventiva até 4 de abril sob a acusação de contrabando.

O Abzas Media está entre as organizações de comunicação mais visadas pela onda de repressão no Afeganistão. Seu diretor, Ulvi Hasanli, foi detido em novembro do ano passado no aeroporto de Baku e acusado de “contrabando de moeda estrangeira”.

A polícia afirmou ter encontrado 40 mil  euros em dinheiro após uma busca de cinco horas nas instalações do meio de comunicação. Durante o interrogatório, ele teria sido submetido a abusos físicos e tortura.

Hasanli, bem como a editora-chefe de mídia do Abzas, Sevinj Vagifgizi , e o assistente de Hasanli, Mahammad Kekalov, foram colocados sob custódia por quatro meses.

Se forem considerados culpados da acusação de “conspirar para trazer dinheiro ilegalmente para o país”, poderão pegar até oito anos de prisão, alerta a Federação.

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